Como autoclavar frascos de vidro de forma segura

Da DWK Life Sciences

Um autoclave é um equipamento especializado concebido para fornecer um método físico de desinfeção e esterilização. O processo é obtido usando uma combinação de vapor, alta pressão e tempo. O vapor é altamente eficaz na transferência de energia térmica (em comparação com o ar seco) e pode esterilizar uma carga a 121 °C em apenas 15 minutos.

A maioria dos frascos de vidro de laboratório é adequada para autoclave. No entanto, é importante salientar algumas diferenças-chave entre os tipos de produtos de vidro usados no laboratório, bem como respeitar as boas práticas de um cliclo de autoclavagem.

Neste artigo, respondemos a questões comuns e aconselhamos a forma de autoclavar os seus frascos de vidro em segurança. 

1) É seguro o autoclavar todos os tipos de frascos de vidro de laboratório?

Antes de autoclavar os frascos de laboratório, é importante considerar a compatibilidade dos diferentes tipos de vidro e frascos com este procedimento. Os frascos de vidro de borossilicato são seguros para autoclave dado que o material possui uma excelente resistência ao choque térmico. Existe um risco muito maior de quebra no autoclave de frascos de vidro sodo-cálcicos ou Flint e se for possível autoclavar frascos deste tipo, o material não possui a mesma margem de segurança.

Os frascos de laboratório revestidos por plástico também podem ser autoclavados de forma segura. No entanto, o material de revestimento é sujeito a hidrólise por vapor durante o processo, o que significa que normalmente pode suportar menos ciclos de autoclavagem do que os frascos de vidro não revestidos.

Normalmente, não se devem encher os recipientes de vidro para além de 75% da sua capacidade nominal, dado que isso permite uma expansão do líquido,no entanto, a capacidade de enchimento segura também depende da natureza do líquido. Os frascos de vidro com água ou tampões aquosos podem ser cheios até à linha de enchimento nominal do recipiente. Os frascos usados para esterilizar meios com base de agar devem ser apenas enchidos a 50% da capacidade do recipiente.

2) Como colocar os frascos de laboratório no autoclave?

Primeiro, ao operar um autoclave, é aconselhável usar equipamento de proteção pessoal. Normalmente, deve incluir proteção total dos olhos/rosto, calçado de ponteira fechada e luvas resistentes ao calor para remover os itens, especialmente material de vidro quente.

Evite a sobreposição no autoclave para permitir a circulação do vapor e garantir um processo de esterilização eficaz. Também é aconselhável assegurar que os frascos foram limpos antes de os colocar no autoclave. Assim evita que qualquer substância contaminante coza nas paredes do frasco de vidro.

Os frascos grandes e pesados, como frascos de 20 l, também devem ter uma pequena quantidade de água destilada (WFI ou purificada) dentro para ajudar a gerar vapor quando estão a ser esterilizados a seco (vazios) num autoclave.

3) Como devem os frascos de vidro com tampas de rosca ser esterilizados por vapor?

Ao esterilizar ou autoclavar frascos, a tampa de rosca deve ser instalada solta com o máximo de uma volta aplicada. Num recipiente fechado, o conteúdo expande provocando uma grande diferença de pressão (mais de 4 bar absolutos) o que pode resultar numa falha explosiva. Além disso, as tampas que não estiverem suficientemente desapertadas podem criar vácuo no frasco durante a fase de arrefecimento. Se os frascos não forem devidamente ventilados, o líquido no interior não consegue ferver durante a fase de rearrefecimento e, assim, fica superaquecido por um longo período de tempo. Nunca vede ou desloque recipientes de líquidos superaquecidos. Se a tampa for deixada solta (1/2 volta) não ocorre diferencial de pressão entre o vapor no interior do autoclave e o interior do frasco.

Os frascos podem ser autoclavados em segurança com as tampas seladas se o autoclave de vapor possuir compensação de pressão de suporte.

Nos autoclaves convencionais (sem compensação de pressão), uma tampa de ventilação de membrana é uma opção mais segura e conveniente. Uma equalização de pressão de duas vias ocorre através da membrana de PTFE de 0,2 mícrones, permitindo que a tampa fique hermeticamente fechada reduzindo o risco de contaminação depois do processo de autoclave concluído. As tampas de ventilação de membrana não devem ser usadas em frascos com mais de 3500 ml.

Para operações GMP, aplicações médicas ou para frascos com 5 litros ou mais, o uso de uma única tampa conetora de porta única instalada com um filtro de ventilação estéril é uma opção mais adequada do que as tampas de membrana. Por exemplo, uma tampa de aço inoxidável GL 45 de porta única pode ser usada com um disco validado de grau farmacêutico e ar estéril de 0,2 mícrones e 50 mm ou filtro de cápsula. Esta opção é especialmente recomendada para frascos grandes com mais de 2 litros.

4) Devo tapar a parte superior dos frascos com folha de alumínio antes do autoclave?

Esta é uma prática comum em muitos laboratórios de investigação, mas ao colocar folha de alumínio sobre as entradas dos recipientes de vidro diminui a probabilidade de esses itens serem devidamente esterilizados. A película deve ser aplicada solta para permitir a penetração do vapor e não oferece proteção contra contaminação após a esterilização.

5) Quanto tempo deve durar um ciclo de autoclave?

A esterilização por vapor é recomendada a + 121, 126 ou + 134 °C, de acordo com a aplicação. Para orientação, a norma britânica BS EN 285:1997 8.3.1 indica: "O tempo de retenção não deve ser inferior a 15 min, 10 min e 3 min para temperaturas de esterilização de 121 °C, 126 °C e 134 °C respetivamente."

É boa prática usar um indicador biológico ou químico para confirmar que o autoclave está a funcionar devidamente. Se um dos indicadores falhar, o autoclave deve ser examinado para identificar e corrigir o problema. Também é crítico voltar a autoclavar a carga depois de o problema ser solucionado para assegurar a esterilidade.

Também é possível colocar fita de autoclave sobre os artigos, com marcações que se tornam visíveis uma vez atingidas as temperaturas críticas. No entanto, ao contrário de outros métodos, como a utilização de indicadores biológicos, a fita não fornece confirmação de esterilização. Pelo contrário, pode ser usada para identificar itens autoclavados vs. itens não autoclavados.

Finalmente, ao descarregar a autoclave, não se esqueça de recuar para que o seu rosto e corpo estejam o mais afastados possível da porta e do vapor. Recomenda-se também que abra a porta e espere dez minutos para permitir que os elementos arrefeçam, se possível. Permitir o arrefecimento à temperatura ambiente dos artigos autoclavados antes de os transportar.

6) Com que frequência os frascos de laboratório podem ser autoclavados?

O número de ciclos de autoclavagem a que um produto pode ser submetido depende do tipo de frasco de vidro, podendo os frascos de vidro sodo-cálcicos e frascos de vidro revestidos por plástico suportar menos ciclos do que os frascos da laboratório de borossilicato 3.3 não revestidos.

Apesar de o borossilicato 3.3 ter uma excelente resistência ao choque térmico, estes frascos podem ficar danificados e inadequados para autoclavagem com o tempo. Isto porque a maioria da resistência à tração do vidro borossilicato reside no estado da sua superfície e se o vidro estiver riscado, mesmo que submicroscopicamente, a sua resistência é grandemente diminuída.Assim, enquanto os frascos com uma superfície sem riscos sobrevivem com segurança a repetidos ciclos de pressão, os frascos mais antigos podem não conseguir.

Infelizmente, é impossível prever quando um frasco mais antigo poderá falhar. A DWK Life Sciences recomenda, por isso, a substituição dos artigos numa base rotineira, e que cada artigo seja visual e atentamente inspecionado antes do uso, quanto a sinais de riscos, lascas ou outros defeitos. Se detetados, o produto deve ser removido de serviço e imediatamente eliminado.